quarta-feira, 3 de abril de 2013

Alimentação: Expectativas X Realidade

Nós mães temos manias de criar expectativas. Durante a gravidez, costumamos querer planejar tudo. E eu não falo de parto e quartinho não, isso é óbvio. Eu estou falando é de como, o quê e quando o filho vai comer, vai pra escola, do 1°, 2° e 10° aniversário, de qual profissão ele vai ter. Sabe tudo o que vai fazer e quando tudo acontecer. Só que o pequeno nasce dá uma rasteira na mãe, que descobre que quase toda aquela sabedoria que ela acreditava ter não vai servir pra muita coisa. E todas aquelas leituras e conversas com outras mães e pediatras podem até ajudar, mas não necessariamente servirão para todas as ocasiões.
Eu explico. Eu também fui assim. E até tive um bom desempenho nos primeiros meses. Consegui amamentar e quase amamentei exclusivamente por seis meses. Mas aí veio a primeira rasteira. Em meio a opiniões de todos os tipos e, principalmente, a muitas opiniões super sábias(só que não) de que o Pedro precisava de um complemento, porque o meu leite não era suficiente pra um menino tão grande ("ainda mais menino que mama mais!", "credo, tu tá muito magra, tu tá seca, dá um engrossado pra esse menino", "desse jeito tu não vai aguentar, vai ficar doente": era isso que eu ouvia, daí pra bem pior.), nós passamos dos 4 meses só no leite materno. Até que um dia o Pedro teve contato com pessoas que mexeram em brinquedos mal cuidados de um cahorro mal cuidado e eu fiquei sem saber como pedir pra que não pegassem nas mãos dele - não sei por que as pessoas gostam tanto de mãos de bebê - eu também não lavei imediatamente as mãos dele e o resultado foi uma infecção intestinal causada por uma bactéria e diarreia, muita diarreia. Três dias de diarreia, hospital, peito, peito, peito, exames, hospital, remédios, e nada de melhorar. Lá pelo 10° dia ele já estava melhor, mas ainda fazendo mais cocô que o normal, a médica dele pediu que eu desse frutas e sucos pra ajudar a prender. Hoje, eu não daria, teria comido batata doce, maçã e banana até prender o cocô dele, mesmo que eu também ficasse presa. Aliás, não sei, é muito fácil falar quando seu filho não está se "desfazendo" em cocô...
E assim o Pedro começou a comer frutinhas. Com 6 meses, começou a comer a papinha salgada, que não aceitou muito bem, mas foi acostumando. Com 8 meses, comia maravilhosamente bem e eu comecei a dar o leite articial próprio pra idade dele antes de dormir. Até que perto de fazer 1 ano, ele começou a andar e foi perdendo o interesse pela comida. Primeiro, rejeitou as frutas, depois o suco, com muito esforço comia alguma coisa. Depois, foi a vez da comida. Era um Deus no acuda pra fazê-lo comer. Hoje, com 1 ano e 9  meses, voltou a comer melhor. Não é todo dia que come super bem, mas tem comido e aceitado todos os legumes. Frutas, muito raramente. E peito, se depender dele, o dia inteiro. 
Mas o meu problema maior não é o Pedro não querer comer frutas, é ele ter interesse em pizza, sanduíches, batata frita, chocolate. Eu não sou do tipo radical, que diz: meu filhonão vai comer doce nem nada industrializado. Até tentei ser, mas vi que não era bem assim que funcionaria. Nós comemos algumas besteiras aqui em casa, sim, mas comemos muito mais coisas saudáveis. Eu não abro mãi de comer pelo menos 3 frutas por dia e sempre ofereço pro Pedro e ele dificilmente aceita, mas eu não posso pensar em abrir um pacote de biscoito que ele já quer. Costumo dar o biscoito integral ou de água e sal, o doces ele nunca comeu. No almoço, comíamos batata palha com uma certa frequência, e tivemos que cortar desde que ele demonstrou interesse. Outro dia, fomos almoçar no shopping e coloquei 3 bolinhas de batata frita no meu prato e enquanto eu sentava, Pedro roubou uma batata e enfiou na boca. Por que ele não pegou um tomete, que também tinha no prato? Aí vai aparecer alguém pra apontar o dedo e dizer: Culpa tua, que não deveria comer sequer uma bolinha de batata frita! Eu realmente, me sinto culpada muitas vezes. Mas me sentir culpada por ele ter vontade de provar "porcarias" e não querer provar frutas? Lembro que antes de um ano ele dizia: ME DÁÁ, quando via a mesa cheia de comida quando ainda morávamos na casa da minha sogra.
Hoje, tento fazer o mínimo possível de fritura e o máximo possível de comidas saudáveis para todos, na intenção de que o Pedro não rejeite o "pouco" que come. Mas tenho acompanhado também muitas mães de todos os tipos, das que dão café e coca-cola pra bebês de 1 ano até aquelas que dizem que uma criança de 2 anos não pode comer farinha láctea, porque tem muito açúcar, não pode comer pão que não seja integral e carne vermelha nem pensar. Acho que tudo tem um limite. O Pedro já provou chocolate, pizza, feita por mim, borda de pizza, roubou batata frita, come farinha láctea. E isso não significa que ele vá ser um adulto doente. Eu prefiro o meio termo e, hoje, penso que é melhor oferecer uma coisinha ou outra de vez em quando do que ele chegar na escola, por exemplo, e ser deparar com muitas novidades e querer comer tudo de uma vez.
Posso estar errada e posso vir a mudar de opinião - como já mudei uma vez - , mas hoje é assim que penso. E acredito ser possível ter um filho saudável sem toda essa frescura que muita gente prega.

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