terça-feira, 23 de abril de 2013

Amamentação: uma batalha diária

Amamentar pra algumas é algo simples e natural, pra outras nem tanto. Pra mim, foi bem tranquilo. O Pedro pegou o peito direitinho, no início dormia rápido e eu tinha que o estimular pra continuar mamando, mas nada de ruim. É claro que o bico rachou, mas nada foi um bicho de sete cabeças. O bicho na verdade existia na cabeça das outras pessoas que insistiam em "pitacar" crente que aquele meninão enorme, coitadinho, estava morrendo de fome, por isso ele ficava pendurado no peito o dia inteiro. É óbvio eu morreria dentro de alguns meses naquela rotina de amamentação, na cabeças deles, certo?
 E se existiu algum bicho de sete cabeças pra mim também foi ter que aprender a não ouvir lidar com todos os comentários que eu ouvi quase todos os dias.Aqueles mesmos que muitas mães ouviram: Dá um engrossado pra ele dormir a noite toda; menina, essa criança vai morrer de sede nesse calorzão, ele TEM que beber água; olha, tu está muito magrinha, se continuar amamentando desse jeito, tu não vai aguentar; dá pelo menos um suquinho; esse choro é de fome; não, esse choro é de cólica, dá um chazinho pra ele. É minha gente... NÃo é fácil ter que aturar as pitaqueiras SEMPRE de plantão enchendo o saco, porque venhamos e convenhamos esse tipo de comentário só serve pra encher a porra do saco. Fiquem caladas minhas queridas senhoras que davam farinha, chá, água, café  pros seus filhos de 1 mês de idade, se eu tinha leite igual uma vaca, por que eu não daria pro meu filho?
 Eu infelizmente não consegui realizar o aleitamento exclusivo até os seis meses, por puro nervosismo. O Pedro teve uma infecção intestinal que causou uma desinteria que não parava, durou mais de dez dias e a pediatra dele e uma pediatra amiga da família insistiram pra que eu desse sucos e frutas que prendessem. Apesar de não ter feito nenhum mal visível pra ele e de ter ajudado a segurar o cocô, eu me arrependo amargamente. Se tivesse o conhecimento que tenho hoje, cerca de 1 ano e meio depois, eu faria diferente. Mas... já passou... Depois, acredito ter cometido outro erro que foi dar leite articial(apropriado pra idade dele e com indicação médica) pra ele dormir quando ele precisava mesmo era de carinho, com todos aqueles dentes nascendo, isso depois dos oito meses. Na época, eu realmente acreditei que fosse fome e as pessoas falavam tanto que leite de peito era só água que acabei me deixando levar. Hoje, eu percebo que tudo foi culpa falta de informação minha e dos outros, mas não é hora pra culpas e culpas. Com um ano mudamos a fórmula e ele passou a tomar o leite ao acordar também e em algumas ocasiões pra lanche ou na mamadeira ou em forma de papinhas. Com 1 ano e 4 meses, ele enjoou o leite e eu ficava desesperada achando que ele estava com fome, que faltaria as vitaminas, meu Deus, o cálcio. E não é que depois de muita leitura eu descubro que foi muito melhor assim. Que bom mesmo é este peito, que só este é feito única e exclusivamente para meu petitico crescer saudável. 
Só que o menino cresceu e agora as pessoas me olham com os olhares mais tortos do que quando ele só tinha 4 meses se eu penduro o garotão no peito no meio da rua, do shopping, da praia e até mesmo na casa de algum amigo; pior: às vezes, dentro da minha própria casa. Tem um episódio que nunca vou esquecer. Voltando da pediatra com o Pedro de uns 2 meses e minha sogra, desci do carro com ele mamando e entrei no elevador, onde estava um casal com idade pra ser meus pais e ficou um silêncio, um constrangimento e eu sem entender por que. Saindo de lá minha sogra me chamou atenção pra eu não amamentar mais daquele jeito. OOOI? O que eu fiz, minha gente? Eu ouvi calada, mas a vontade que eu tive foi de mandar ela, eles e todas as pessoas que AINDA tem esse pensamento ridículo pra aquele lugar. Desde então eu fiquei com medo de ser apedrejada quando fosse amamentar em público, porque parece que é isso que vai acontecer.
Por esses e outros motivos (noites e noites mal dormidas, cansaço absurdo, medo dele se tornar super dependente de mim, fases em que ele não aceitava comer e muitos pitaqueiros afirmavam ser por conta do leite materno, emagrecimento contante MEU, entre tantos outros...) muitas e muitas vezes eu pensei e até tentei desistir de amamentar depois que ele fez um ano. Cheguei a dizer pra ele que o peito estava dodói e até a colocar cutativo, mas eu não conseguiu ver meu filhote ali, cheirando o peito, muitas vezes chorando e dizendo "pepê" e fingir que nada estava acontecendo. Resolvi buscar ajuda em um grupo de mães que criei na internet e meio que por acaso descobri um outro grupo que me fez mudar completamente o pensamento do desmame forçado. Foi então que eu deixei todos os medos pra trás e passei a obter cada vez mais informações sobre este alimento completo que posso oferecer para o meu pimpolho. A partir daí, ficou mais amamentar voltou a ser algo prazeroso pra nós dois, vergonha ou mesmo o medo de amamentar em público eu mandei pra bem longe de mim, e a ideia de desmamar? O desmame aqui, se Deus quiser, só vai acontecer quando o Pedro sentir vontade. 
Eis que no fim de semana passado, pela primeira vez na minha vida de mãe, aconteceu o contrário: eu fui elogiada! GENTE, EU FUI ELOGIADA POR AMAMENTAR EM PÚBLICO! Bom, o elogio veio de pais, mas VALE, vale muito. Aconteceu que o Pedro acordou quando chegamos no supermercado e já veio colocando a mão por dentro da minha blusa, eu tinha visto uma mãe sentadinha com um bebê domindo em um dos poucos bancos do supermercado, fui lá sentei e coloquei o peito na boca do meu meninão de 1 ano e 9 meses. Dei aquele sorrisinho. Ela sorriu muito simpática e perguntou a idade dele, eu respondi e ela disse: Nossa, que legal! Ele ainda mama! O meu tem 1 ano e 4 meses e espero que ainda mame bastante. E bom, né? Nisso aparece o pai, que me parabenizou muitas, muitas vezes. E ficamos ali, trocando as experiências da amamentação. Esse tipo de coisa dá um gás, sabe? É muito mais importante do que se pode imaginar. Agora, estou aqui, com meu pequeno pendurando no peito. Leite artificial hoje só se for pra alguma comidinha especial. E leite materno até quando for possível. É um gesto de amor, de carinho, de cuidado... Tem gente que não entende, mas tem também quem entenda, graças a Deus.

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