terça-feira, 7 de maio de 2013

Quando todo mundo dorme...

Filho e marido dormem. De repente, um silêncio. O único barulho que ouço, é o do teclado. Uma vaga lembrança de quando eu ainda morava na casa de mamãe e isso acontecia todos os dias. Uma rápida impressão de que amanhã eu vou poder acordar, tomar um banho demorado, ler, fazer as unhas, ver alguma coisa na internet, fazer um almocinho rápido, ir pra faculdade, ver gente, assistir uma aula bem chata enquanto eu penso em mil outras coisas ou talvez uma aula maravilhosa que raramente acontecia, mas acontecia, vou andar por aí com os amigos e/ou com o namorado, passear no centro histórico, comer besteiras sem nem pensar em quanto tem de sódio/açúcar/aditivos ali, cantar, jogar conversa fora, voltar pra casa de ônibus, caminhar na rua, olhar a lua no céu... Sentir-me um pouco sozinha.
De repente, uma saudade de tanta coisa que ficou "largada" no meio da vida. Mas ainda mais de repente uma culpa enorme por me permitir pensar algo assim... É que ser mãe tem, além de todas as suas lindezas, uma certa tristeza. Uma estranha sensação de que você não é mais você. Pior ainda: toda e qualquer tristeza deve ser guardada num baú muito bem escondido dentro de você mesma. E tudo isso dói.
Eu sou uma menos mãe por pensar assim uma vez ou outra? Acredito que não. Eu tento dar o meu melhor? Mas que atire a primeira pedra quem nunca quis ter um,dois,três,mil diazinhos próprios depois da maternidade? Pois bem, eu queria. Queria, queria, queria. Tem quase dois anos que queria e nunca tive. E quando tenho uma tardezinha de nada, sabe o que faço? Viro barata tonta e não faço nada. Pois é, contraditório, não? Acho que mãe é assim mesmo, um bicho estranho: extremamente confiante em um momento e super medrosa no momento seguinte.
 De repente, um barulho. Levanto. Foi só um suspiro mais forte. Volto pra minha realidade. É hora de dormir, porque amanhã tem tudo outra vez. Casa, almoço, filho, brincadeiras. E haja disposição!

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